Governo do Distrito Federal
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2/08/23 às 14h15 - Atualizado em 2/08/23 às 14h15

O papel da educação no combate à violência de gênero

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Reportagem: Jacqueline Pontevedra

Revisão de Texto: Alzira Neves

 

Arte: Luiz Carlos Lucs – GITEAD/EAPE

 

A Lei nº 11.340/06, conhecida como Lei Maria da Penha, que criou mecanismos para enfrentar e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, completa no dia 7 de agosto, 17 anos. Para celebrar a data e para dar visibilidade às práticas educativas que contribuíram para prevenção e o enfrentamento da violência de gênero no ambiente escolar, a Subsecretaria de Formação Continuada dos Profissionais da Educação (Eape) vai realizar uma cerimônia para reconhecer o trabalho pedagógico realizado por duas escolas da rede pública de ensino do Distrito Federal. O evento faz parte da programação da Semana de Formação Continuada e vai ocorrer na segunda-feira, 7 de agosto, às 14h, no auditório da Eape, que fica na 907 Sul.

 

No primeiro semestre deste ano, o projeto Penha está na Escola, realizado no Centro Educacional 310 de Santa Maria; e o Projeto Entre Elas, realizado no Centro de Ensino Médio 4 de Sobradinho II, foram selecionados no processo seletivo interno de Práticas Exitosas no âmbito da Política de Enfrentamento de Violência contra Meninas e Mulheres, realizado pela Gerência de Pesquisa, Avaliação e Formação Continuada dos Cursos de Gestão Escolar, Carreira Assistência, Orientação Educacional e Eixos Transversais (GOET) da Diretoria de Organização do Trabalho Pedagógico e Pesquisa (DIOP) da Eape.

 

Para avaliar os trabalhos, a comissão avaliadora responsável considerou os seguintes critérios: replicabilidade, sustentabilidade, inovação/originalidade e resultados. Os trabalhos aprovados na primeira fase foram submetidos a uma nova apreciação (2ª fase). Além dos documentos enviados via SEI, a comissão realizou entrevistas junto aos responsáveis pelos projetos e práticas e realizou visita in loco para registro e avaliações finais. 

 

“Trabalhar o tema violência contra a mulher nas escolas, durante toda a educação básica, é um dos fatores cruciais para o enfrentamento de diferentes tipos de crime. Para que lições sejam ensinadas aos estudantes, é necessário que os profissionais da educação participem das formações específicas sobre a temática para conhecerem e trabalharem com as legislações existentes. Além de incentivar a realização de novos projetos sobre o tema, o edital do processo seletivo deu visibilidade aos projetos pedagógicos realizados nas escolas da rede”,explicou o responsável pela GOET, Wagner Lemos.

 

Durante a cerimônia de premiação, os responsáveis pelo Projeto Penha está na Escola e pelo Projeto Entre Elas terão quinze minutos para fazerem os relatos de experiência sobre os trabalhos realizados.   Além disso, serão exibidos vídeos sobre cada projeto (que foram produzidos por uma equipe de profissionais da Gerência de Inovação, Tecnologias e Educação à Distância – GITEAD), haverá também roda de conversa, entrega de placas (certificação), sessão de fotos e filmagem.

 

“Receber uma premiação e uma certificação da Subsecretaria de Formação Continuada dos Profissionais da Educação (Eape) evidencia que nosso trabalho permite reflexões e mudanças de comportamento sobre o enfrentamento à violência contra a mulher e a valorização feminina na sociedade. Além disso, é importante destacar a participação das alunas na pesquisa, ou seja, as meninas são estimuladas a ingressar no universo da iniciação científica”, destacou a professora e uma das formadoras do  Projeto Entre elas: valorização e enfrentamento às violências contra meninas e mulheres, Eliane Oliveira.

    

A responsável pelo Projeto Penha está na Escola também enfatizou a necessidade do processo seletivo realizado.  “Neste ano, ter o reconhecimento da Subsecretaria de Formação Continuada dos Profissionais da Educação é algo importante, pois dá destaque a um projeto que valoriza a mulher no ambiente escolar e que, com certeza, já salvou a vida de muitas alunas e também criou e fortaleceu a rede de proteção para as mulheres da nossa comunidade escolar. Agora, elas podem conhecer e buscar proteção legal em caso de violência”, finalizou Vânia.

 

Além da certificação recebida, os responsáveis pelos projetos terão outras possibilidades. “Os profissionais que tiveram trabalhos selecionados poderão participar de uma formação (como convidados) para apresentar os trabalhos realizados nas escolas e poderão publicar os projetos na Revista Com Censo. Dessa forma, fortalecemos a Política de Enfrentamento à Violência contra Meninas e Mulheres, pois ocorrerá o fomento de novas práticas pedagógicas sobre o tema”, destacou a Subsecretária de Formação Continuada dos Profissionais da Educação, Maria das Graças de Paula Machado. 

 

O Processo Seletivo Interno de Práticas Exitosas no âmbito da Política de Enfrentamento de Violência contra Meninas e Mulheres está previsto em documento oficial (edital nº 2/2023, publicado no DODF nº 97, de 24/5/2023 e com cronograma prorrogado no DODF nº 111 de 15/7/2023). 

 

Dados e programa Maria da Penha vai à Escola

 

De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, neste ano, em menos de seis meses, já foram registrados vinte casos de feminicídio. Em 2022,17 mulheres assassinadas por questões de gênero ao longo de todo ano.  Esses números são alarmantes e a grande causa dessa violência é o machismo estruturante da sociedade brasileira que reforça a desigualdade entre homens e mulheres, legitima diferentes tipos de agressões, estereótipos, preconceitos e também discursos de ódio contra as mulheres.

 

Como reflexo desse padrão cultural, os comportamentos machistas delimitam os papéis masculino e feminino (que auxiliam e reforçam a submissão das mulheres e a valorização dos homens) e ocorrem em diferentes estruturas da sociedade: na família, na igreja, no trabalho, nas relações afetivas e também nas escolas. “Precisamos mudar as mentalidades individuais e coletivas sobre o machismo. Precisamos que a igualdade entre meninos e meninas seja algo natural e concreto – o que inclui uma vida sem violências e, para que isso ocorra, trabalhar com prevenção é fundamental. Por isso, o ambiente escolar é um importante formador para que ocorram mudanças sociais pela igualdade e é também um espaço perfeito para proteção e prevenção, pois a Lei Maria da Penha e o sistema criminal sozinhos não vão fazer desaparecer um problema secular, mundial, histórico e cultural. É preciso que cada um de nós não banalize, não normalize as violências e que o coletivo entenda que o machismo é nocivo para os meninos e para as meninas”, destacou a Juíza Titular do Juizado de Violência Doméstica e coordenadora do núcleo judiciário da mulher do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, Gislaine Reis.

 

Com o objetivo de ensinar essas lições para os estudantes, é necessário que os profissionais da educação conheçam e trabalhem com a legislação referente a esse tema. Para isso, a Secretaria de Educação do Distrito Federal, por meio da Subsecretaria de Formação Continuada dos Profissionais da Educação (EAPE), também é partícipe do Acordo de Cooperação Técnica do Programa Maria da Penha vai à Escola, coordenado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT).  De acordo com o Setor de Inscrição e Documentação da EAPE, desde 2016, mais de 1.000 profissionais da educação já concluíram a formação. Só no primeiro semestre deste ano, 119 profissionais estão realizando o curso. 

 

Cabe destacar que a Lei Maria da Penha recebeu esse nome em homenagem à biofarmacêutica cearense Maria da Penha Maia Fernandes, que, após ter sofrido duas tentativas de homicídio do seu marido, lutou para a criação de uma lei que contribuísse para a diminuição da violência doméstica e familiar contra a mulher.

 

 

Outra ação de formação realizada na Eape

 

Neste ano, para orientar os projetos novos voltados ao enfretamento da violência de gênero e reorientar os trabalhos já existentes, uma ação formativa foi elaborada pela equipe que atua na GOET. Para estudar a temática, no segundo semestre, os profissionais da educação podem participar do percurso formativo Trabalhando a valorização de meninas e mulheres para o enfrentamento das violências.

 

O (per)curso possui 90 horas-aula e aborda análises quanto às perspectivas de raça, classe, orientação sexual, etnia e outras identidades sociais nas questões de gênero. Ele busca compreender a forma como mulheres e homens são socializados durante a construção social, além de buscar também entender as desigualdades e as diferenças naturalizadas pela sociedade entre meninas e meninos, como estimular a promoção do respeito, da tolerância e da equidade entre meninas e meninos, e por fim desenvolver ações voltadas ao enfrentamento de todos os tipos de violência contra meninas e mulheres no ambiente escolar”, explicou a coordenadora dos eixos transversais, Angélica Lima. Essa ação formativa também ocorre por meio de atividades pedagógicas que integram o projeto “EAPE vai à Escola”(EVAE). 

 

Mídias educativas sobre o tema

 

E para divulgar as duas práticas exitosas no âmbito da Política de Enfrentamento de Violência contra Meninas e Mulheres que foram vencedoras no edital de 2023, dois vídeos foram especialmente produzidos pelos profissionais que atuam na produção audiovisual da Gerência de Inovação, Tecnologia e Educação à Distância (GITEAD). Além dessas produções, foram produzidos podcasts, reportagens e fotografias.

 

Documentos normativos e legislações 

 

 

Serviço:

 

Em casos de violência doméstica, denuncie: Disque 180 para a Central de Atendimento à Mulher // Ligue 197 – canal de denúncia da Polícia Civil ou disque 190 para a Polícia Militar do Distrito Federal. Procure ajuda também na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher que fica na Asa Sul quadra 204/205.

 

Podcast Informativo EAPE

 

Os projetos pedagógicos Penha está na Escola, do CEd 310 de Santa Maria, e o Projeto Entre Elas, do CEM 4 de Sobradinho,  foram selecionados no processo seletivo interno de Práticas Exitosas no Âmbito da Política de Enfrentamento à Violência contra Meninas e Mulheres – realizado pela Eape. A cerimônia de premiação ocorre no dia 7 de agosto, às 14h, no auditória da instituição, que fica na 907 sul. Esse foi o tema desta edição do podcast Informativo EAPE. Esse trabalho apresenta reportagens de até cinco minutos que são compartilhadas nas principais plataformas de streaming, pelo Whatsapp e ficam disponíveis aqui também.

 

Para ouvir o áudio, é só dar o play no link abaixo:

 

Subsecretaria de Formação Continuada dos Profissionais da Educação - Governo do Distrito Federal

EAPE

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